É muito comum as pessoas perguntarem “O que eu faço para…?”
Essa frase geralmente aparece associada a uma ação que o animal NÃO deveria estar fazendo ou um Problema de Comportamento.
E aqui já fica a primeira e mais importante dica desse texto. Fuja da receita de bolo!
A resposta para essas questões geralmente resultam em muitas outras perguntas (nossas) até conseguirmos entender bem o que acontece, os fatores que ocasionam ou mantem o comportamento e as respostas que tudo isso irá provocar e só aí conseguiremos pensar na melhor estrategia para o caso, que, muitas vezes pode começar com treinos, manejos e medidas de bases, tudo pensado e direcionado.
E quer saber por que isso acontece?
Quando pensamos em um treino, ensinar algo novo, ou queremos resolver ou modificar um comportamento indesejado ou seja qual for o objetivo, nós precisamos CONSTRUIR e essa é a mensagem do dia.
Após ter toda essas e outras bases desenvolvidas, precisamos novamente construir uma nova etapa. Precisamos evoluir nossos treinos. Evoluir o treino nada mais é do que deixar os comportamentos que treinamos consistentes o suficiente para que sejam confiáveis em situações reais.
Recentemente estava numa aula e tínhamos acabado de fazer nosso primeiro treino de “ficar” e os cães estavam indo muito bem. Esse treino era nossa primeira base, a primeira construção para trabalhar a questão da fuga pela porta que os cães tinham e como falei eles tinham ido MUITO bem.
Logo na sequência, no intervalo entre um treino e outro, a tutora foi até a escada que dava acesso a porta de saída, falou a palavra “fica” e desceu as escadas em direção a porta na esperança que os cães ficassem, afinal eles tinham acabado de acertar várias vezes. E lógico que os cães erraram e desceram as escadas junto com ela.
Isso aconteceu porque o condicionamento e o estímulo que a porta representa é muitas vezes mais forte que o treino que tinha acabado de ser feito. O resultado vai além do simples fato de que os cães não atenderam ao comando, eles não só não atenderam como poderiam ter sido reforçados positivamente pelo próprio ambiente por terem saído da posição alcançando o lado de fora.
Em outras palavras, essa ação precoce constrói, do ponto de vista do animal, que atender o comando de ficar seja pouco interessante e não valha a pena o esforço, pois ao sair e fugir pela porta ele encontraria coisas bem mais legais.
Sem vontade para CONSTRUIR comportamentos, comunicação e uma relação sólida, nenhum treino atingirá o melhor dos resultados.