Quando pensamos em obter respeito de um animal partimos do equívoco que eles entendem esse conceito de hierarquia, onde existe um posto de autoridade e outros postos abaixo dele. Esse é um dos conceitos da teoria da dominância que como já sabemos foi refutada a muitos anos pelo próprio autor, mas que infelizmente ainda é presente na lida de animais domésticos e de muitos outros segmentos.
A interpretação e abordagem equivocada de boa parte do comportamento animal e com péssimos resultados para ambos os lados, resulta geralmente em muita frustração, vou explicar o por quê:
Quando você entende que o animal te deve respeito você nunca o terá! Isso porque eles não tem essa relação, não faz parte da mecânica de aprendizagem, é um conceito humano (existe um termo técnico para isso que é antropomorfia, mas que pode popularmente ser chamado de humanizar) o que vai resultar em frustração atrás de frustração.
Esse tipo de conceito não vai levar ao entendimento das necessidades COMUNICADAS pelo animal e nem conseguir COMUNICAR as nossas intenções e além de apoiar muitas más aplicações práticas como o mal e velho esfregar o focinho no xixi ou o rolinho de revista. Que abrem grandes chances de desenvolver cães medrosos, emocionalmente quebrados e que podem desenvolver agressividade.
Quando esperamos que um cão ou gato nos obedeça esperamos que ele ceda a nossas expectativas, expectativas essas que muitas vezes não estão alinhadas com o estado emocional ou o aprendizado do animal. Exemplo, um cão que está super incomodado por estar próximo de outro, se ele não estiver bem emocionalmente e seguro da situação será impossível ele ficar calmo para você conversar que seja por 5 minutos.
É comum ver pessoas nessa situação falando alto com o animal, a famosa “voz de comando”, repetindo várias vezes que fique quieto e sente e geralmente um agravante é presente nessas situações que é, a guia tensa ou um enforcador super apertado piorando ainda mais a informação que ficará registrada no animal. Nesse contexto estamos esperando que o cão simplesmente ceda ao nosso desejo sem levar em conta o estado emocional e a péssima associação que está acontecendo com a situação.
Isso sem falar das questões técnicas de treinos que envolvem a distração do ambiente e o preparo que precisa ser feito com animal anteriormente.
Aqui na Clicker Club não abrimos mão, se necessário, de treinar os famosos comandos como SENTA, DEITA e FICA, mas isso não é a solução isso é parte do trabalho.
Se esses comportamentos não forem evoluídos e empregados de maneira correta se tornaram apenas truques sem função prática alguma. E podem até se tornarem comportamentos ruins para o animal se sempre que é solicitado que os faça o cão esteja numa situação de stress ou ansiedade.
Nos atendimentos preferimos encarar esses comandos como ferramentas , comportamentos que podem ser agregados às mais diversas situações.
Quando começamos a ver a educação pelo outro lado, o lado do relacionamento e da comunicação mudamos o jogo e tudo muda junto.
Criar uma relação de confiança com seu animal lhe trará muito mais que simples conceito humano do respeito. Irá integrar o pet a rotina, vida dos seus tutores e criará laços sólidos de confiança.
Isso fará que seu cão preste mais atenção no que está solicitando a ele, que ele confie nos humanos que estão ali para instruir o melhor comportamento para situação e também fará que você entenda melhor o comportamento que seu cão está lhe apresentando. A interpretação correta dos comportamentos apresentados pelo animal faz toda diferença para prevenir que eles desenvolvam comportamentos indesejados ou que se sintam desamparados além de reforçar o laço de confiança entre tutor e animal.
Quando temos uma boa relação com nossos animais as palavras quase se tornam desnecessárias na educação deles. Acrescentando um pouquinho de treino eles passam a antecipar as situações de maneira positivo. Sentando para pedir algo, esperando sem sair correndo toda vez que a porta irá abrir e até mesmo te dando aqueles 5 minutos e até muito mais que você precise para falar com o síndico quando volta do passeio ou sentar para tomar um café na companhia do seu peludo.
Para educar um animal seja qual for a espécie o que precisamos é conseguir comunicar com eficiência nossas intenções e também entender o que eles estão precisando ou passando. Ao aprender a se comunicar com seu animal você passa não só a ter SUCESSO nos comportamentos que deseja que o cão apresente como passa a entender também o que seu bicho de estimação quer te passar.
Lembre-se que um relacionamento é uma via de duas mãos onde, você quer ser ouvido e também precisa ouvir para ter sucesso.
Por isso nossos alunos recebem aulas de leitura corporal, aprendem sobre o que são comportamentos naturais e esperados dos seus animais, aprendem como suprir as necessidades dos peludos, a fazer manejos preventivos e a como usar os famosos comandos de maneira GENTIL e FUNCIONAL.
Dessa maneira não só o animal passa a entender melhor as situações como também o tutor passa a compreender os motivos pelo qual o animal irá responder bem ou não. Atingindo o verdadeiro respeito às limitações de cada animal. Em algumas situações o animal pode estar desconfortável ou simplesmente não está pronto e só uma boa interpretação irá te dar as ferramentas para lidar da melhor forma e atingir a solução ideal.
Só assim conseguimos alcançar mais que uma educação passiva que depende de ordens e guias curtas, mas um comportamento alinhado com nossas expectativas e os limites de cada animal, acontecendo de maneira tão fluída e prazerosa para todos os envolvidos, que logo não terá nem a necessidade de pedir que ele já estará se comportando como desejado.
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